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" BLACK DELUXE "

Blog da maior e melhor festa black do interior paulista

Friday, March 10, 2006

O Homem de Aço em Nova Iorque






Por: Gil
www.bocadaforte.com.br


Finalmente o "ano começou" - já que em nosso país pouca coisa de interessante acontece antes do carnaval. E para começar, nada melhor do que falar de gente que não precisa provar nada pra ninguém: L.F, o Homem de Aço, que segue em carreira solo representando o Brasil na capital mundial do Hip-Hop.



Ex-integrante do grupo D.M.N, do qual fez parte por 15 anos, ele é uma das vozes mais conhecidas do Rap brasileiro - ao lado de Thaíde, Edi Rock, G.O.G e Mano Brown. Já perdi a conta de grupos que usaram em suas músicas colagens das músicas "Mova-se", "Como pode estar tudo bem?", "H.Aço", entre outras. Atualmente ele está se apresentando com a DJ Laylo, que além de parceira na música tem sido sua companheira nos últimos anos. Uma das mais recentes apresentações da dupla foi no "II Festival Internacional de Hip-Hop Espanhol de Nova Iorque", que teve como apresentador Jeru The Damaja. Inclusive, boa parte das fotos dessa matéria, foram tiradas nesse show, onde também foi comemorado o aniversário de L.F. Confira abaixo a entrevista, onde ele fala sobre a carreira solo, a vida no exterior e também sobre o Hip-Hop em Nova Iorque.



Bocada-Forte: Há quanto você está em Nova Iorque? O que tem feito por aí?

L.F: Eu vou completar dois anos aqui em março e antes de vir pra cá pra ficar um tempo, eu vim para conhecer em 2001 e depois vim participar de uma conferência, onde fiz uma exposição do Hip-Hop brasileiro, mostrando como as organizações e posses têm se organizado nos bairros através do Hip-Hop.

Desevolvendo trabalhos socias e de conscientização, como a Força Ativa, Negro Atividades, Haussa, Conceitos de Rua, etc. Depois disso, como eu ainda estava desenvolvendo um trabalho na Abevic, uma associação beneficente de São Paulo, eu voltei, mas já tinha a intenção de vir pra cá novamente. Foi então em 2004, depois de finalizar um trabalho com a Zulu Nation na Abevic, que vim pra cá. Mas também conheci uma pessoa daqui que se tornou parte da minha vida e eu queria estar próximo dela também. Vim pra cá e através dela participei de várias palestras em universidades, onde ela ia mostrar o trailler do documentário "Estilo Hip-Hop" e isso acabou fazendo com que outras oportunidades surgissem para se apresentar.



A minha idéia era mostrar o Hip-Hop Brasileiro e a forma que ele é utilizado como ferramenta de luta. Agora, além de estar estudando aqui e conhecendo mais de como a "Capital do Mundo" funciona, estou fazendo o meu disco, que espero estar com ele logo mais ai, para voltar aos palcos, por que eu sinto muita falta desse público gigante do nosso Hip-Hop. (na foto ao lado, DJ Laylo)

Outra coisa, é que em meio a essas idas e vindas, eu estive no Brasil no começo do ano passado com um grupo de 23 jovens, de diversos lugares do Estados Unidos para uma tour social, onde eles conheceram a forma que alguns jovens ligados ao Hip-Hop e também de fora dele (como o MST) tem trabalhado dentro de suas comunidades. Depois disso também fui com eles para o Fórum Social Mundial.

B.F: E nessas apresentações que você tem feito, como tem sido a aceitação do pessoal que ouviu as músicas e viu os shows?

L.F: Mano, eu fiquei surpreso né, porque eu imaginei que ia ser foda na terra onde tudo começou e ainda cantando em português, eu e a minha parceira DJ Laylo. Mas as pessoas começaram a cantar o refrão da música "Saída de Emergência". E aí eu senti que a língua não é problema quando você pôe energia no que faz e quando tem sentimento junto, fiz como sempre fazia aí.

B.F: Estar, não só na terra, mas no bairro onde tudo começou, te dá mais força pra se apresentar com essa energia? Como é estar no berço do Hip-Hop mundial, tem alguma energia diferente aí?

L.F: Mano, é muito louco isso! Quando eu cheguei aqui na primeira vez, fiquei admirado, olhando para todos os lados, muros grafitados, querendo ver o famoso Apollo, essas coisas. Mas depois que vim pra ficar um tempo, descobri que aqui muita coisa mudou e que tem um terceiro mundo aqui dentro, que divide as pessoas. As referências hoje são outras, que não incentivam os jovens a lutar por justiça e sim a consumir mais. Mas aqui no Bronx é como os nossos bairros, como as Cohabs, muita gente, muito preto, latino de diversas partes da América Latina e Caribe.

Aqui tem bares em todas as esquinas, as escolas públicas piores também estão aqui. Os guetos são iguais, só que por ser aqui nos Estados Unidos, essas informações não chegam aí. Mas é louco sim, tudo tem o seu lado positivo, pra mim as histórias de resistência estão vivas, porque eu procuro saber sobre elas, já que a televisão daqui também é a mesma que aliena em qualquer lugar do mundo. Mas eu tiro de onda, procuro coisa que me interessa para alimetar a mente.

B.F: E esses estrangeiros que vivem aí, na maioria latinos, muitos desenvolvem algum trabalho ligado ao Hip-Hop. Existe alguma relação ou união entre esses estrangeiros através do Hip-Hop? Você tem contato com essas pessoas?

L.F: As coisas aqui, ao contrário do que eu imaginava, não são tão visíveis assim. Aqui mesmo não tem nada acontecendo, que eu saiba, e se tem não é divulgado para que as pessoas, principalmente os jovens, possam participar. O Hip-Hop aqui tem um outro conceito, as pessoas dizem que são Hip-Hop, quem canta Rap, diz que canta Hip-Hop... Fala ai, mó confusão...

B.F: As pessoas do Hip-Hop que você conheceu aí têm conhecimento da sua trajetória e importância pro Hip-Hop Brasileiro?

L.F: Algumas ficaram sabendo, mas é aquela coisa, muita gente vê o nosso país folclóricamente ou vê como o país das mulheres, do carnaval, das praias bonitas, tá ligado? Mas tem pessoas que já ouviram falar e sabem do tamanho que é o Hip-Hop brasileiro, até por conta dos artistas que já foram ai. Mas quando eles viram, eles gostaram e queriam saber mais, queriam saber e comprar CDs, essas coisas.

B.F: No Hip-Hop ou mesmo fora dele você deve ter os seus ídolos, suas referências. Vivendo aí, você teve oportunidade de conhecer algum ídolo pessoalmente ou ver apresentações?

L.F: Eu cheguei a ver alguns que curto, mas os que eu gosto mesmo ainda não, mesmo porque ninguém mais tá aqui e quando tem show é os "zóio da cara". Mas eu conheci o Jeru the Damaja, vi o Mos Def, Mobb Deep, que gostava deles também, o Talib Kweli, só esses que eu lembro. (ao lado L.F e Jeru The Damaja)



O KRS One é um que eu gostaria de conhecer, mas ainda não tive a oportunidade, ele esteve aqui em Nova Iorque no final do ano passado, mas eu não pude ir. Os da hora mesmo são vistos aqui como majestosos e na terra do dólar é caro tio.

B.F: Num tem como fazer uma entrevista com você e não falar do DMN, afinal você fez história com o grupo. Foi difícil pra você deixar de fazer parte do grupo, como foi?

L.F: Foi um aborto tio, que deixa seqüelas. O DMN foi a minha faculdade de vida, tudo que sou e aprendi foi através dele. Então foi um momento muito difícil pra mim, afinal de contas foram 15 anos. Mas é assim, chega uma hora que a caminhada se separa.

B.F: E agora com o trampo solo, como está indo o disco, quem está produzindo, vai ter participações, etc...?

L.F: O disco está sendo produzido por algumas pessoas daqui, mas eu quero fazer música com pessoas dai também e não vai ter muitas participações não, ainda estou pensando. Tem o Chosan, que eu fiz uma música com ele e as outras são segredo.

B.F: Fale sobre o documentário "Estilo Hip-Hop" que a sua parceira está fazendo. Já terminou, quando será lançado, qual a idéia do documentário, etc?

L.F: Então, eu ainda não sei quando estará pronto e quando será o lançamento. Sei que já está nos finalmente, mas quem tem os detalhes dele é ela, que está ansiosa para que termine.


B.F: Tem algo que você queira dizer pra finalizar?

L.F: Eu queria dizer que uma das coisas que mais me deixou contente foi receber emails de gente de todo Brasil, que me acharam no msn e disseram que sempre respeitaram o meu trampo, que estou fazendo falta, essas coisas que fazem o caminho que a gente escolheu valer a pena.

Toda a rapa do Ceará, Comunidade da Rima, que eu tenho mó respeito, Clã Nodertino, pessoal de Sergipe, Bahia, Belo Horizonte, Porto Velho, Recife, Mato Grosso, Campo Grande... Enfim, pra todos os cantos onde homens e mulheres de aço me dão força e motivação para que possa acreditar que estou na caminhada certa.

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